"Troika, amor e traição. A história de um menino que acreditava poder liderar um país". Novela baseada na situação política do país. (Cena da novela incluída)

Nem sei muito bem como vos cumprimentar hoje...
Poderá ser: Saudações!
Ou então: Caros amigos, hoje é um bom dia!
Ou ainda: é com um enorme sentimento de preocupação que vos falo hoje.


A verdade é que nem sei bem como me hei de sentir perante esta crise política pela qual estamos a passar.
O povo passou tanto tempo na rua a gritar: "Está na hora do Governo se ir embora", que eles próprios acharam que seria boa ideia. Pensaram que está a começar a vir o calor, que querem tirar umas férias, mas que se tirassem férias ficariam (ainda mais) mal vistos, e isto se o Passos Coelho os deixasse tirar férias! Por isso, aos gritos do povo, alguns elementos do Governo responderam: Yeap... se calhar até está na altura de ir embora, e se for agora nem apanho fila na ponte a caminho da Costa. E se bem pensaram, melhor o fizeram.

Por outro lado o povo ficou dividido. Até há pouco tempo havia poucas coisas que uniam o povo Português: a selecção, e o descontentamento com o Governo. Bem... esse continua. Mas se houvesse uma sondagem daquelas bem feitas, como aquelas que dizem respeito às audiências e que dão sempre os resultados favoráveis ao canal que as encomenda, 95% dos Portugueses queriam a demissão do Governo. Hoje já não é bem assim. Os mesmos que gritaram tão convictamente "Vai para rua Palhaço" "Vai trabalhar malandro!" "Devias era ser preso!" (Nota do autor: estes insultos embora possam servir também para Jorge Jesus, tentam representar os insultos feitos ao Governo), gritam agora: "Irresponsáveis!" "Pareces um rato a abandonar o navio!" (neste caso um submarino).

Eu gostava de perceber de Política. Quem é que eu estou a enganar? Eu gostava era de perceber de qualquer coisa, ponto final! A verdade é que sempre defendi a demissão deste governo, e agora que isso parece encaminhado nesse sentido, surge uma alavanche de notícias que nos faz ver/querer fazer acreditar, que esta situação é um calamidade para o país. Mas depois penso: Se a troika está a lucrar connosco (porque está! E porque ninguém dá nada a ninguém) em parte estas notícias não têm a ver com algum receio da parte dos investidores em recuperar dinheiro? Claro que sim, independentemente de tudo o resto. Mas estaremos a dar um passo atrás para dar dois à frente, e por vezes é necessário fazer isso, ou é mesmo a pior coisa que nos podia agora acontecer? Ou é tudo ao mesmo tempo? Como vos disse ainda não sei o que hei de achar. Algum "Anónimo" iluminado me ajude por favor.

Mas o que é verdade é que toda esta situação parece tirada de uma novela Brasileira, ou Venezuelana, ou mesmo daquelas muito trágicas da tvi. Este sai, não sai, afinal saiu, não estou de acordo contigo mas vou ficar para bem do país, afinal vou sair, não gostas de mim vou-me embora, fica que afinal gosto de ti descobri agora, é ou não é um enredo de uma novela?!

Tomei então a liberdade de escrever um pequeno texto, estilo novela, que tenta retratar a situação política do nosso país.
Chamo-lhe: "Troika, amor e traição. A história de um menino que acreditava poder liderar um país."
(Eu prometo que se lerem alto com pronúncia de Português do Brasil fica muito mais divertido para nós Portugueses, e mais fácil para os Brasileiros).

Local: Parlamento
Nos corredores do Parlamento Paulo Portas andava apressadamente a caminho do Gabinete do seu amigo muito especial Pedro Passos Coelho. Estava nervoso, sentia borboletas na barriga, como sentia sempre que o via. Era um prazer ser o seu nº2, o seu braço direito. Sabia que Vítor Gaspar tinha inveja dele, que queria ser o nº2, mas Portas sabia que a lealdade de Passos Coelho estava acima de tudo. Pára num espelho. Sorri. 


Os dentes estão brancos, está com um ar saudável e bronzeado. Começou a frequentar o solário desde que ouviu Passos Coelho dizer que achava que todas as pessoas ficavam com um aspecto muito melhor quando estavam bronzeadas, e que era por isso mesmo que preferia mulheres africanas. Mas Paulo sabia que ele era especial.....
Nisto, ao chegar perto do gabinete do primeiro ministro ouve vozes. Estavam a falar baixo, mas ele, graças às suas grandes orelhas conseguia ouvir na perfeição. Era Vítor Gaspar! A sós com Passos Coelho!

Passos Coelho (P.C.) - Então amor... Não faz isso não!

Vítor Gaspar (V.G.) - Não me chama amor não! Qu´é isso gente?! Anda na frescura com o Paulo Portas, dizendo que ele é o seu nº2 e quer que o faça o quê? Que finja que não oiço?! Que não sei?! Ah, não aguento mais não! Eu vou sair Pedro, eu vou sair!!!! (chora compulsivamente e assoa-se à gravata)


P.C. - Você sabe que isso não é verdade! Você sabe que só lhe digo isso porque preciso dele! Preciso de alguém que possa mentir com quantos dentes tem na boca, e ele faz isso melhor que ninguém! Ele faz acreditar os estrangeiros que Portugal vai sair na hora da crise. Pô! Mais ninguém consegue fazer isso não! Você sabe isso. Quando ele deixar de ser preciso, você será o meu nº2 oficial! Para mim você já o é. Você sabe que sim.

V.G. - Cê jura? (Diz limpando as lágrimas)

P.C. - Juro por tudo!

Nisto, Paulo Portas entra de rompante pela sala, rangendo os dentes brancos e com uma veia gigante a palpitar na testa. E diz:

Paulo Portas (P.P.) - Como você foi capaz? Como?! Te odeio! Te odeio! Cafajeste....

P.C. - Calma Paulo! Qu´é isso?

P.P. - Como pode dizer que não significo nada si?! Depois de tudo o que passamos? Todas aquelas tardes no Tejo a passear de submarino, todas as mensagens que me mandou me dizendo que era o seu nº2 e que a forma como eu convencia os estrangeiros que íamos sair na hora da crise te deixava louco! Como pode ser tão mentiroso! Cafajeste!!!!!

V.G. -  Submarino?! Cê me jurou que nunca tinha andado nessas frescuras de submarino com ele! Não dá mais Pedro! Eu vou sair, e é já cara!

P.P. - E ele a mim me jurou que nem falava com você! Ele nos mentiu aos dois! Esse cafajeste!

V.G. - Cafajeste!
P.P. - Cafajeste!
V.G. - Cafajeste!
(e isto durou 5min até que Passos Coelho conseguiu finalmente falar)

P.C. - Pára! PÁRA! Cês não sabem como me sinto não! A pressão é demais! Todo o mundo puxando o meu pé, puxando o meu saco. E depois a porra de um país inteiro que não gosta de mim não. É difícil p'a chuchu! Não estou aguentando mais!
Você Vitor... você me dá calma. Suas previsões sempre erradas me davam esperança. Adorava ouvir as suas extensas previsões à noite quando me ligava.Seu discurso sonolento sempre me ajudou a dormir. Me ajudava sempre a acalmar. Preciso de você para relaxar. E porque cada vez que fazia uma conferência de imprensa, o povo queria deixava de querer quebrar só a minha cara, e queria quebrar a sua também! pô, você me completa!
E você Paulo... você é quem me ajuda a esquecer toda essa porra dessa crise. Me levava a passear de submarino, me levava a feiras, mentia por mim no estrangeiro. Você é demais também. Sua careca bronzeada, seu branqueamento pouco natural dos seus dentes, sua voz esquisita e nasalada e seus fatos de gigolo sempre me fizeram rir.
Cês não percebem?! Eu preciso dos dois! Não tenho um nº2! tenho dois nº2! Entendem agora? Não me chamem de cafajeste não... tudo o que fiz por por amor... a vocês e ao meu país!

V.G. - AH! Não vem com frescura não! Não sei quanto ao mister submarino aí, mas eu tô fora!! Fora! Entendeu?

P.C. - Faz isso não! E o país? E as medidas? E os cortes? Como vou fazer isso? Se alguma vez gostou de mim, lhe peço! Não faz isso comigo não.

V.G. - Não Pedro... Eu cansei! Cansei, entendeu?! As medidas, as previsões e os cortes estão todos no meu computador. Está lá um ficheiro no ambiente de trabalho chamado Missão impossível. Se divirta! Porque eu fui meu bem!


E sai da sala tão depressa quanto lhe é possível, batendo a porta atrás de si., tão violentamente quanto possível. Paulo Portas olha para o chão com lágrimas nos olhos

P.C. - Paulo... meu torrão de feira de Carcavelos... fica assim não. Agora nada está entre nós. Não percebe?

P.P. - Pedro... Eu posso ter passado muito tempo no solário mas não queimei neurónios não! Não sou burro, que é isso? Não queria ser o primeiro a sair. Me entendeu? Mas agora o seu amigo especial já o fez. Ser o segundo a sair é menos grave. Xau Pedro. Você foi uma desilusão sabia?
Penteia-se, ajeita o fato e sai orgulhoso do gabinete.

P.C. - Eu não vou deixar você sair! Ouviu? Não vou deixar não! Escreve o que te digo! Cê vai ver só!
E chora sozinho no gabinete....


Claro que a novela continua. Vitor Gaspar foi, tal como Mourinho, para um local onde se sentia amado. Dizem que esse local é Bruxelas. Quanto a Paulo Portas é difícil de dizer. Com submarinos para navegar pelo mundo, creio que não há feira que lhe escape, nem feirante, peixeira ou comerciante por beijar. Tão depressa não ouviremos falar dele. Ou então não.
Quanto a Passos Coelho... bem essa é a incógnita não é? Por isso não percam os próximos episódios, porque nós (infelizmente) também não!

Despeço-me "Cheio de frescura". É isso aí meu irmão!
O Homem da Motoserra

Comentários

Anónimo disse…
Apenas uma palavra em relação a esta grande obra dramática: MAGISTRAL!