A crispação entre taxistas e
serviços como a Uber, como bem sabemos, já durava há muito. Contudo, nada
melhor que uma boa sessão de pancadaria e destruição da propriedade alheia para
dar alguma notoriedade à causa! Alguém disse que não há má publicidade.
Se uns estão ilegais, se os
outros não sabem aceitar concorrência, se é desleal ou não, meus amigos, não me
podia estar mais a marimbar! Como sou um pseudo esquerdista de centro/direita,
ou talvez um indivíduo de classe baixa que gostava de ser burguês, ou talvez
ainda (e é a hipótese mais provável), um teso sem capital para ser transportado
por táxis e afins, toda esta problemática tem-me passado ao lado… até ontem!

O meu receio é que, depois desta
polémica toda, que a classe “Taxistas” possa entrar em extinção. Sim, é verdade
que ontem houve alguém que disse: “as leis são como as virgens, são feitas para
serem violadas”. Infelizmente todas as classes têm as suas ovelhas negras.
Segundo fontes me asseguraram o taxista em questão não só não tem filhas, como
também perdeu a capacidade de ter ereções devido a uma pancada que sofreu na cabeça
durante uma batalha campal num jogo do Benfica para a taça de Portugal em 1976.
Não só perdeu a capacidade de erguer a seu pénis taxista, como também se pôde perfeitamente
verificar, cerca 85% da massa cefálica.
Não nos podemos deixar
influenciar por este indivíduo! Os taxistas são na sua maioria, pessoas ternas,
compreensivas e com imensa compaixão. Dou-vos um exemplo muito prático: nas
poucas vezes que usufruí de um serviço de táxi, houve um encontro com um outro
condutor que utilizava a famosa faixa “bus” para fugir ao trânsito. O cordial
taxista que me conduzia com cautela ao meu destino, ao deparar-se com tal
infração, coloca-se lado a lado com esse mesmo condutor e grita: “PARTO-TE OS DENTES
TODOS DESSA BOCA COM UMA BARRA DE FERRO!” (história verídica).
Ora bem… eu desconheço as leis e
códigos de ética pelos quais se regem os taxistas, mas se usar a sua faixa é
punida com o arrancar da dentição, esta alma bondosa iria-a fazê-lo da forma
mais humana possível. E é nesta fase que eu oiço desse lado: “este gajo é
doido”. Sim! Isso é certo, mas reparem, essa seria a forma mais rápida e, quiçá,
quase indolor de extrair todos os dentes do condutor que cometeu aquele crime
horrendo. Ele poderia fazê-lo de várias formas: com um alicate um a um, com uma
chave fendas, com um pau aos 2 e 3 de cada vez, enfim, deem asas à vossa
imaginação! Mas ele não! Fazia-o de uma só vez de uma forma rápida. Como não
gostar de indivíduos tão altruístas e tão preocupados com o bem-estar de
terceiros?
Andar de táxi é sempre uma
experiência para mais tarde recordar. Desde os diálogos de piropos, como:
“- Oh estrela! Queres cometa?
- Vai à merda seu porco!
- Viu? Aquela está doida por mim!”
- Vai à merda seu porco!
- Viu? Aquela está doida por mim!”
Mas se os taxistas temem pelo seu
trabalho, transformem-no! Façam tours por Lisboa que, entre insultos e piropos,
se tornará certamente numa forma divertida de conhecer a cidade. E quem diz
Lisboa, diz outra localidade qualquer. Quem não gostaria de entrar no Táxi da
Maria Rueff?!
Por isso peço-vos, salvem os
taxistas! São umas das profissões do nosso imaginário, e se lhes for restrito o
acesso a alguns objectos, como por exemplo barras de ferro, acho que podem ter um
papel importante na nossa sociedade, que às vezes é séria demais.
Despeço-me enquanto espero que o
telefone faça o download da aplicação da Uber
O Homem da Motoserra.
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