Ah! Gloriosos tempos para Portugal e para os
Portugueses!
Vitória no campeonato da Europa de Futebol, na
Eurovisão, o Papa fez o delírio dos católicos ao vir visitar aquele que é a
maior fonte de receitas da Igreja, o Santuário de Fátima, e até o Benfica foi
tetra campeão! Claro que este último acontecimento apenas fez as delícias a
quem é Benfiquista, e embora tenha as minhas preferências clubísticas, tenho
1904 razões para não divulgar o clube do meu coração.
Por todas estas razões este foi sem sombra de dúvida
um fim-de-semana de festa! Mas tanta, tanta festa, que se o António Costa
subisse na segunda-feira dia 15 o IVA para 30%, ninguém iria notar! Estamos efectivamente
cegos, e porque não dizer, lobotomizados de tanto festejar. Mas queremos lá
saber! Eu incluído!!! Venha a festa! O resto que f%&#!!!!!

Infelizmente não são as boas notícias que prendem
um telespectador à televisão, ou um leitor aos jornais. Bem sabemos que, pelo
contrário, são as más notícias aquelas que mais vendem, e que mais atenção
chamam. Primeiro ouvimos “Mais de 200mil pessoas no Marquês”, ou “mais de 5 mil
pessoas a receber Salvador Sobral”, e pensamos “eh lá. Muita gente sim sr”. E
agimos com mais ou menos indiferença, conforme o assunto nos toque ou não
pessoalmente. Mas se for difundido pela comunicação social que alguém faleceu,
aí a conversa é outra. Imaginemos um casal na sua rotina diária quando tal
sucede:
- “O quê? Alguém faleceu? Deixa lá ver! Ehhhhhhhh granda festa!! Oh Umbelina! Anda cá ver a festa!”
- “Festa? Agora não posso ver! Ver cá festas nem meias festas… Raios parta o homem sempre com o cu gordo sentado… Já não levanta nada, para nada, e agora quer que vá ver festas. Festa queria eu!”
- “Alguém morreu!”
- “O quê!?!? Deixa lá ver! Ehhhh! Grande festa…. Meu Deus… Foi mesmo grande festa! Até morreu uma pessoa!”
E ali ficam ainda grudados à televisão, com um
misto de fascínio pelo mórbido e alegria pela celebração, momento apenas
quebrado ocasionalmente quando é necessário retirar um chamado “macaco” do
nariz, ou quando a zona púbica exige alguma atenção a nível de unhas, devido ao
prurido que lá se faz sentir.
E é isto. E não conseguem nega-lo, certo? E não
somos apenas nós Portugueses. Quem não se riu com o filme “Um fim-de-semana com
o morto”? Sou só eu que acho muita coincidência que esse filme tenha tido tanto
sucesso? Junta tudo aquilo que o ser humano mais aprecia: Festas e tragédias. E
mulheres bonitas em bikini… Isso também é apreciado por muitas pessoas. Cada
vez mais por ambos os sexos.
Podem estar centenas de pessoas a celebrar o fim de
uma hipotética guerra civil da Mongólia em Lisboa, que ninguém liga nem à
notícia, nem à festa! Uma delas é atropelada, e de repente é notícia de
abertura de telejornais, e todos deitam uma lágrima de alegria pelo fim do
conflito que nem sabiam existir. A CM Tv estaria inclusivamente no local quando
se deu o atropelamento, e, por grande coincidência, até teriam imagens exclusivas
do acidente filmadas a partir do interior da viatura; isto claro que se o
Cristiano Ronaldo não pusesse antes as mãos na dita, e a tivesse atirado Tejo
adentro! E que bela imagem seria um carro da CM Tv a voar tal e qual como o
“Kitt” em direção ao rio enquanto se ouvia à distância um “SIIIIIIiiiiiii!”
Talvez seja demasiado pedir ao ser humano para apreciar
a festa pela festa, tal como pedir a um homem que faça duas coisas ao mesmo
tempo, ou ao Pedro Guerra e ao António Serrão para fazerem dieta. Por isso
espero que as festividades tivessem sido fraquiiiinhaaaaas… Assim muito
fraquiiinhaaaaaas, até porque posso querer fazer parte (outra vez) de alguma no
futuro. Nunca se sabe.
Despeço-me rumo ao 37.
Com amizade:
O Homem da Motoserra
P.S. Já agora, alguém sabe o horário do 37? Se
calhar já não vou a tempo….
Comentários